Eles viveram em um abrigo no município da Serra até 2008, quando ganharam uma família italiana. Hoje eles são adolescentes.
Entre 1998 e 2012, foram realizadas 249 adoções por pretendentes estrangeiros no Espírito Santo. Dentre elas, 190 foram realizadas por pretendentes italianos. Na manhã dessa segunda-feira (23), na Corregedoria Geral da Justiça, a Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), recebeu a visita de um casal de italianos que adotou um casal de irmãos capixabas.
Gianluca Frisoni e Claudia Arlotti adotaram Roberta, 15 anos, e Zenilton Frisoni, 14 anos, em 2008, quando eles moravam em um abrigo na Serra. Agora, eles residem com a nova família em Santarcangelo di Romagna, província de Romini, na Itália. A mãe, Claudia Arlotti, contou que o processo foi longo em virtude da documentação exigida, mas acrescentou que não escolheu as crianças por país ou outros critérios, apesar de gostar da América do Sul. “Foi amor à primeira vista. Fizemos a preparação, e um dia recebemos a informação de que um casal de irmãos com idade de 9 e 10 anos estava disponível para adoção. Imediatamente aceitamos a ideia, porque tínhamos o sentimento e a certeza de que eles já eram nossos filhos”.
A filha contou que no início não gostava da possibilidade de ser adotada, já que considerava o abrigo uma família, mas quando descobriu que poderia ser adotada junto com o irmão, aprovou a ideia. “No princípio eu não queria ser adotada, porque já tinha o Lar Semente como minha família e não queria me separar de Zenilton, meu irmão. Mas depois surgiu a proposta de sermos adotados juntos e eu aceitei. A família é muito boa e todos os dias eu agradeço a Deus por ter me dado esses pais”, disse a menina.
Já o irmão Zenilton relatou que a adoção pelos familiares italianos foi muito importante. “Eu não tinha referência de família, mas com os novos pais eu pude conhecer e me tornar uma pessoa melhor”, relatou o garoto.
Os pais disseram que a adaptação foi um pouco delicada, mas a dedicação valeu a pena. “Nós vivíamos há 17 anos sozinhos e, por isso, tivemos que mudar o ambiente familiar para recebê-los, já que eles eram de outro país, falavam outra língua e tinham outros costumes. Foi cansativo, mas valeu apena. A adaptação deles também foi bem rápida. Foram bem acolhidos pelos novos familiares, amigos e também pela escola”, contou o pai, Gianluca Frisoni.
Como funciona
A coordenadora da Ceja, Maria Inês Valinho de Moraes, explicou que durante o processo de adoção as crianças são acompanhadas através do Sistema de Informação e Gerência da Adoção e Acolhimento (Siga). Por meio da ferramenta, a Ceja pode acompanhar a situação de cada criança disponível para adoção por brasileiros ou estrangeiros.
“Para iniciarem o processo de adoção no Brasil, os pretendentes estrangeiros precisam passar por um processo de habilitação, que conta com cursos de preparação. Este processo dura em média um ano e meio. O tempo previsto vai depender de cada país. Em seguida, os pretendentes estrangeiros são orientandos no próprio país a procurar instituições, responsáveis por mediar o processo de adoção com o Brasil”, explica a coordenadora.
A juíza Janete Pantaleão, coordenadora das Varas da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), foi quem acompanhou todo o processo de adoção da família italiana na Comarca da Serra. A magistrada acrescentou que esse tipo de adoção é muito importante, porém, é uma exceção. “A exigência para adoção é a mesma, no caso da adoção internacional. É importante que os pretendentes à adoção estejam preparados para receber a criança, já que uma vez adotada ela se torna filha deles. Mas é preciso ressaltar que a adoção internacional não é prioridade, a preferência é a adoção feita por famílias brasileiras, para que elas permaneçam no seu país de origem”.
Saiba Mais: De 2008 até hoje, o SIGA registou 3.011 reintegrações de crianças aos lares de origem e 1.960 adoções nacionais e internacionais. Quanto às adoções, em 2012 foram 35 internacionais e 170 estaduais. Em 2013 foram 07 internacionais e 97 estaduais. Hoje, em todo o ES, existem 898 crianças e adolescentes acolhidos em abrigos. Desses, 146 já estão aptos à adoção. |
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