“Correndo para Vencer” da Vara de Execuções Penais de Vila Velha completa um ano

Segundo a juíza Patrícia Faroni, idealizadora do projeto, ao participarem dos treinos e corridas os internos se sentem reconhecidos e incluídos na sociedade.

O projeto “Correndo para Vencer”, da Vara de Execuções Penais de Vila Velha, completa um ano neste mês de outubro. Durante esse tempo, cerca de 60 detentos da Penitenciária Semiaberta de Vila Velha (PSVV), Casa de Custódia de Vila Velha (Cascuvv) e Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC) já participaram das atividades, que preparam internas e internos no sistema prisional para corridas de rua.

A juíza Patrícia Faroni, titular da Vara de Execuções Penais de Vila Velha e idealizadora do projeto, explica que os detentos que participam do Correndo para Vencer já estão na fase final do cumprimento da pena, ou seja, em regime semiaberto, e apresentam bom comportamento.

A magistrada destaca a importância do programa para o processo de ressocialização:

“É um projeto transformador, uma vez que o esporte traz muitos benefícios para o corpo e para mente, mas o principal benefício do Correndo para Vencer é a transformação do indivíduo e a inclusão social. Ao participar dos treinos, das corridas de rua, eles se sentem reconhecidos, o que faz com que se vejam como os demais grupos da sociedade. Isso promove a inclusão e a reinserção social”, ressalta a juíza, que participa ativamente dos treinos e corridas com o grupo.

O preparo físico é fundamental para que todos estejam aptos para as corridas de rua. Voluntários formados em educação física orientam os participantes de forma periódica, em treinos realizados três vezes por semana, com duração de uma hora. Para fornecer condições adequadas de treinamento, o projeto conta com doações de itens esportivos, como roupas, tênis, garrafas de água, entre outros.

No ano passado, em decorrência da pandemia, não foi possível a participação dos detentos em eventos devido às restrições para atividades esportivas. Neste mês de outubro, no entanto, o grupo participou da Corrida Hangar, em Vitória, em percursos de 6 e 12 quilômetros e já se prepara para novos eventos.

Somente no Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC), 35 detentas já passaram pelo projeto. A iniciativa motiva, até mesmo, quem já não está mais na unidade prisional e cumpre pena em prisão domiciliar. Este é o caso de Vanessa Pires. “Ser presa foi um choque em minha vida. Mas ao sair da prisão passei a ver as coisas de forma diferente. Tive oportunidades dentro do sistema e sei que retornei para a sociedade como uma pessoa melhor. Hoje meu convívio familiar é outro. O projeto Correndo para Vencer mudou a minha vida completamente. Nunca havia praticado atividade física. Isso faz muito bem para minha mente e mesmo não estando mais na unidade, participo de quase todos os treinos com o grupo”, conta.

Lucielio Ventura é interno da Penitenciária Semiaberta de Vila Velha e tem se destacado pelo bom rendimento nos treinos. Ele, que descobriu a aptidão para corrida no projeto, diz que o esporte tem despertado boas perspectivas para o futuro. “Tenho me dedicado muito nos treinos. Descobri a corrida na unidade, ao entrar para o projeto e aprendo cada dia mais. Quando terminar de cumprir minha pena, não quero abandonar o esporte. Quero buscar novos caminhos, trabalhar e viver uma vida correta”, pontua.

Para o inspetor José Valter Gomes, o projeto é uma maneira de trabalhar a ressocialização por meio do esporte. “Sou formado em educação física, auxilio e acompanho os internos em todos os treinos. Vemos a dedicação e empenho de cada um deles, a vontade de mudar e alcançar resultados. Acredito que o esporte traz novos objetivos, auxilia na disciplina e é um bom remédio para a inclusão social”, afirma.

Maikol Madureira Vidal Nunes é diretor adjunto da PSVV e explica que proporcionar à pessoa presa condições para o retorno a sociedade é um dever do Policial Penal. Por isso, participar do Correndo para Vencer junto com os internos é uma grande satisfação. “Participar das corridas juntamente com os apenados proporciona maior sensibilidade ao olhar para as histórias de cada um de uma forma mais minuciosa, entender as particularidades e, assim, ajudar a direcionar cada indivíduo para seu projeto de vida. Assim, promovemos uma melhor aceitação social. Não buscamos atletas de ponta, buscamos pessoas que queiram abraçar as oportunidades e que queiram segurar o braço de quem quer ajudar. Assim, seguimos fazendo nosso dever com o coração e os presos cumprindo sua pena com a visão de um futuro melhor”, ressalta Madureira.

“O projeto tomou uma proporção grande com a dedicação de muitos voluntários, em especial, de inspetores penitenciários que abraçaram a causa. Sem eles, nada disso seria possível”, destaca ainda a juíza.

O Projeto Correndo para Vencer também foi destaque no ESTV2, da Rede Gazeta. Assista ao programa no link a seguir:

https://globoplay.globo.com/v/9973965

Vitória, 27 de outubro de 2021.

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Texto: Maira Ferreira (com informações da Sejus)
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