Tribunal de Justiça do Espírito Santo realiza simpósio sobre o uso do nome social

Quatro homens sentado em mesa de honra durante um evento no salão pleno do TJES

A abertura do evento teve a participação do presidente do STJ, ministro Humberto Martins, e palestra da juíza Adriana Ramos de Mello, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), por meio da Escola da Magistratura (Emes), realizou um Simpósio sobre o direito ao uso do nome social com a participação do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins, e palestra da juíza Adriana Ramos de Mello, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).

Durante a abertura do evento, realizado na manhã desta quinta-feira (23), no Salão Pleno do TJES, o presidente do Tribunal de Justiça estadual, desembargador Ronaldo Gonçalves de Sousa, deu as boas-vindas aos participantes e ressaltou a importância do tema, que no âmbito do tribunal do Espírito Santo recebe o devido respeito e tratamento.

O presidente do TJES, Desembargador Ronaldo Gonçalves, um homem de pele branca e de cabelos e barba da cor preta está falando ao microfone. Ao seu lado, usando máscara, o ministro do STJ, Humberto Martins, um homem de pele morena e de cabelos grisalhos o observa.

“O relevante tema deriva dos princípios constitucionais da dignidade humana, da experiência da administração pública e da máxima efetividade dos direitos fundamentais, pautado no objetivo fundamental da República Federativa do Brasil de constituir uma sociedade livre e solidária, além da promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, bem como de dar tratamento isonômico a todos”, destacou o presidente do TJES.

O diretor da Emes, desembargador Willian Silva, também enfatizou a relevância da Resolução nº 270 do CNJ, que dispõe sobre o uso do nome social pelas pessoas trans, travestis e transsexuais usuárias dos serviços judiciários, membros, servidores, estagiários e trabalhadores terceirizados dos tribunais brasileiros.

O desembargador Willian Silva, homem de pele negra, calvo, usando terno na cor cinza escuro, fala ao microfone.

“O uso do nome social, que a justiça capixaba se empenha em implementar materializa, na realidade, o artigo 3º da Constituição Federal, pois contribui para a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, uma sociedade, portanto, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. O respeito à identidade de gênero, por meio do reconhecimento da legitimidade do nome social fortalece valores fundantes do estado democrático de direito, como dignidade, igualdade e liberdade de valores que se nutrem uns dos outros, alimentando, por sua vez, um circuito virtuoso, cujo horizonte é, na realidade, a cidadania”, disse o diretor da Escola da Magistratura.

o ministro do STJ, Humberto Martins, um homem de pele morena, cabelos e bigode grisalhos fala ao microfone.

O presidente do STJ, ministro Humberto Martins, lembrou que todos somos iguais e temos a missão da promoção do bem comum, “a promoção de que todos tem direito à mesma oportunidade de sonhar e de conquistar, sem preconceitos de origem, de raça, de sexo, de cor, de idade ou qualquer forma de discriminação, isso assegurada pela nossa carta cidadã, conhecida por todos como a Constituição da República Federativa do Brasil”.

A palestra

E foi justamente o embasamento constitucional a primeira parte da palestra proferida pela juíza do TJRJ Adriana Ramos de Melo. A magistrada também citou os Princípios de Yogyakarta, que traz conceitos sobre identidade de gênero e orientação sexual, o pacto de San José da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário, além de informes recentes da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Segundo a palestrante, é necessário que magistradas e magistrados tenham conhecimento sobre esses conceitos e tratados para que possam colocar em prática a Resolução nº 270, do CNJ, sobretudo quanto ao respeito à autoidentificação.

A uíza do TJRJ Adriana Ramos de Melo, uma mulher de pele branca e de cabelos pretos com mechas loiras fala ao microfone.

“Nós juízes, os agentes públicos que vamos atender essas pessoas no campo do Poder Judiciário, temos que respeitar como aquela pessoa quer ser identificada. O fato de você chamar no pregão João e entrar uma Maria é uma forma de violência psicológica e simbólica contra aquela pessoa”, explicou.

Por fim, a juíza Adriana Ramos de Melo concluiu que o cumprimento integral da resolução tem relação direta com os três pilares que, segundo ela, devem reger a magistratura: “A ética, pois é um compromisso meu e nosso aplicar a resolução e todos esses tratados, garantindo dignidade a essa pessoa; o outro é o amor, o amor com o próximo, que tem a ver com a fraternidade, com o respeito, com a igualdade – um juiz sem amor é um juiz que não exerce a jurisdição a contento, ele tem que ter amor ao próximo, seja quem for. E o outro princípio é a humanidade”.

Os desembargadores Janete Vargas Simões e Fernando Zardini Antonio, do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, participaram como debatedores no evento.

Unidade prisional exclusiva para população GBT

O secretário de Estado da Justiça, Marcello Paiva de Mello, participou da mesa de abertura do Simpósio e falou sobre o trabalho de parceria realizado em conjunto com o Poder Judiciário estadual. Nesse sentido, Mello destacou a inauguração da primeira unidade de referência para o público GBT (gays, bissexuais, travestis e transexuais) no Espírito Santo, em maio deste ano, onde uma das medidas adotadas foi a implementação do direito ao uso do nome social.

Também prestigiaram o evento desembargadores e juízes do TJES, assim como o promotor e coordenador da Comissão de Direito à Diversidade Sexual e Identidade de Gênero do MPES, Franklin Botelho Pereira, o secretário-geral da Presidência do STJ, Jadson Santana de Sousa, o juiz federal Fernando César Baptista de Mattos, o juiz auxiliar da Presidência do STJ Sérgio Ricardo de Souza, o secretário-geral adjunto da OAB-ES, Rodrigo Carlos de Souza, e o procurador-chefe da Procuradoria do estado em Brasília, Erfen José Ribeiro Santos.

Vitória, 23 de setembro de 2021

 

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