Os dois réus negam ser os mandantes do crime, mas declararam ter tido algum tipo de contato com os intermediadores.
No sexto dia do júri popular de dois dos três acusados pelo Ministério Público Estadual (MPES) de serem os mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, morto em março de 2003, o juiz Marcelo Soares Cunha interrogou os réus. O coronel da reserva da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira foi ouvido pelo Conselho de Sentença, formado por cinco homens e duas mulheres, por quase cinco horas. Já o interrogatório do ex-policial civil e empresário Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu, durou quase seis horas. A sessão terminou às 22 horas.
O julgamento, que teve início na última segunda-feira, 24, acontece no Cineteatro da Universidade Vila Velha (UVV). Neste sábado, 29, os réus negaram que mandaram matar o juiz Alexandre Martins, mas alegaram já ter tido algum tipo de contato com os intermediadores do crime, os sargentos da Polícia Militar Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva, já condenados. Em seu depoimento, que começou por volta das 09h30, o coronel Ferreira afirmou que só viu pessoalmente a vítima no dia em que foi transferido para um presídio no Acre, por determinação do próprio Alexandre Martins.
O coronel Ferreira foi transferido para o Acre após ser acusado de envolvimento na morte do agricultor Manoel Corrêa da Silva Filho, assassinado no ano de 2002 em um presídio de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado. Calu não pôde acompanhar o depoimento de Ferreira, sendo isolado e escoltado em outra sala. Em seu interrogatório, o coronel contou que tinha acesso a telefone celular no presídio do Acre, mas afirmou que só ligou para advogados, amigos e familiares, e que todas as ligações eram monitoradas. Ferreira também já respondeu por outras mortes na Justiça e por extorsão.
Respondendo a uma pergunta do juiz, o réu ainda alegou que anda armado. Quanto ao envolvimento com Calu, o coronel Ferreira declarou que o conheceu quando era 2º tenente, sendo que Calu morava na vila militar, já que é filho de coronel. Segundo Ferreira, eles não eram próximos na época, voltando a se encontrar quando Calu já era policial civil, sem, contudo, desenvolverem um relacionamento pessoal. Em seu interrogatório, o ex-policial civil e empresário do ramo de granitos destacou que a amizade com o coronel Ferreira teve início já com a instrução do processo que investiga o caso Alexandre Martins, “por ser a defesa difícil para ambos”.
Calu, que é formado em Direito, também disse em seu depoimento que foi aluno de Alexandre Martins na pós-graduação. O réu ainda contou que tinha o sonho de seguir na carreira da magistratura, mas desistiu após ser aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil e, mesmo assim, não conseguir o registro tendo em vista o processo que respondia por cometimento de falta disciplinar, que culminou na saída dele da Polícia Civil. Além de responder ao processo que investiga a morte do juiz Alexandre Martins, Calu já foi acusado de extorquir uma dupla sertaneja, mas foi absolvido.
O juiz Alexandre Martins de Castro Filho investigava um esquema ilícito na Vara de Execuções Penais, do qual supostamente participavam o coronel Ferreira e Calu. Neste domingo, 30, será realizado o debate entre a defesa e a acusação. De acordo com a Lei nº 11.689/2008, que estabelece todos os ritos do Tribunal do Júri, o tempo destinado à acusação será de duas horas e meia e o mesmo tanto para a defesa. Embora seja facultativa, a réplica terá a duração de duas horas e o mesmo tanto para tréplica, o que indica que essa fase deverá durar cerca de nove horas. A previsão é de que o julgamento termine neste domingo.
Regras
O juiz Marcelo Soares Cunha, que preside o júri popular, não permite fotos e nem gravação de imagens no Salão do Júri. Ninguém pode entrar no recinto portando máquinas fotográficas, câmeras de vídeo, tablet, notebook e nem celulares. E atenção: não há local para guardar celular. Quem estiver com o aparelho na bolsa não pode assistir ao julgamento e quem for flagrado com algum desses aparelhos no recinto será retirado do local e não poderá retornar em nenhum dos dias.
Outro alerta do juiz é que não é permitida a entrada de pessoas com faixas, cartazes e nem com camisetas que façam alusão aos fatos ou às pessoas envolvidas nesse crime. O 4º Batalhão da Polícia Militar é que está responsável pela segurança na região, mas as ruas no entorno da Universidade estão liberadas.
Processo nº: 00035121420058080035.
Vitória, 29 de agosto de 2015.
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