Tráfico de pessoas: juíza alerta quais são as situações de risco

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Mulheres jovens em vulnerabilidade são principais vítimas da exploração sexual.

Enfrentamento trafico pessoas Dra Gisele 400A presidente do Comitê Judicial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Espírito Santo, juíza Gisele Souza de Oliveira, alerta para o risco que correm muitas mulheres, principalmente jovens em vulnerabilidade social, ao aceitarem propostas que se mostram atrativas, como, por exemplo, um convite para trabalhar no exterior. Muitas delas acabam vítimas de exploração sexual, e a magistrada lembra que o problema pode atingir também, em menor quantidade, homens e transexuais.

Segundo a juíza, o tráfico de pessoas é hoje a terceira atividade ilícita mais lucrativa do mundo, ficando atrás apenas do tráfico de drogas e de armas. O tráfico humano, no entanto, vai além da exploração sexual. Ele pode ocorrer também para fins de trabalho escravo, remoção de órgãos, casamento servil, adoção ilegal e outros.

Especificamente quanto ao tráfico para exploração sexual, a juíza ressalta que as mulheres jovens em vulnerabilidade social são as maiores vítimas. “Os integrantes dessas quadrilhas procuram atrair para o mundo do crime essas mulheres porque elas têm o sonho de ascender socialmente, de crescer na vida. E, muitas vezes, elas não têm acesso ao mercado de trabalho, possuem uma família numerosa, tiveram filhos na adolescência e, por desejarem um futuro melhor para eles, acabam vítimas dessa organização criminosa”, afirma a magistrada.

A juíza ainda destaca que as pessoas devem desconfiar de propostas muito atrativas. “A melhor forma de prevenir é conscientizar. Se alguém te oferece casa, comida e roupa lavada no exterior, tome cuidado, pois não existe conto de fadas. Muitas das propostas envolvem convites para trabalhar no exterior como modelo, dançarina, apresentadora e atriz. Esses convites devem ser profundamente investigados. É preciso que a pessoa pesquise as fontes, a qualificação de quem fez o convite e, em caso de dúvidas, procure a Polícia Federal”, frisa.

A magistrada também explica que as vítimas do tráfico de pessoas, ao chegarem ao país onde serão exploradas, têm o passaporte retido, sendo mantidas 24 horas sob vigilância armada. Para evitar que as vítimas tentem uma fuga, os criminosos ameaçam atentar contra a pessoa traficada e os seus familiares. “O tráfico destrói o sonho das pessoas porque transforma o ser humano em coisa”, declara a juíza.

A abordagem pelos criminosos pode ser feita tanto pessoalmente quanto pela Internet. “Existem muitas ofertas hospedadas em sites da Ásia, o que dificulta o rastreamento. Pessoalmente, a abordagem é feita por aliciadores, selecionados pela organização criminosa. Muitas das vítimas também passam a trabalhar na organização, sendo reinfiltradas na comunidade com roupas arrumadas, cabelo diferente, para que as vizinhas achem que elas melhoraram de vida no exterior e acabem aceitando também a proposta”.

Na semana passada, nos dias 16 e 17, a juíza Gisele Souza de Oliveira participou, em Fortaleza, do V Simpósio Internacional para Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT7). Na oportunidade, os participantes aprovaram a Carta de Fortaleza, que traz uma série de compromissos assumidos por diferentes instituições para reforçar o combate a esse tipo de crime. Uma das metas é solicitar ao Congresso Nacional urgência na tramitação de projetos destinados a rever e atualizar a legislação penal relativa ao tráfico de pessoas.

Vitória, 24 de abril de 2015

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