Vara Cível e Fazendária de Viana adota modelo de gestão horizontal e sustentável

6 mulheres e dois homens posam sorridentes para uma foto.

Micromutirões, valorização de estagiários, minibiblioteca para a comunidade, reutilização de água e coleta seletiva agora estão entre as práticas da unidade.

A Vara Cível e Fazendária de Viana, localizada no bairro de Areinha, conta hoje com cerca de 12 mil processos, um dos maiores acervos em trâmite do Espírito Santo. Mas, diferente daquele imaginário que se tem de uma unidade judiciária cheia de papéis, o clima por lá agora é de eficiência, organização e limpeza.

Na porta de entrada, é a colaboradora Natália quem recebe as pessoas com muito carisma e bom humor, seja uma parte interessada no processo, um advogado, uma senhora que pede informações ou esta comunicadora que entra para realizar sua matéria especial. O atendimento diferenciado é certamente uma das marcas registradas da Vara.

Logo ao lado da recepção, fica uma minibiblioteca à disposição da comunidade. Além de livros jurídicos, há obras de literatura, romance, drama e ficção, doadas pela equipe da Vara. “As pessoas podem ficar à vontade para ler aqui mesmo ou levar para casa e depois devolver. A gente acredita que o conhecimento tem que ser propagado”, explica a assessora Karina de Pimentel Ferraz, que me leva para conhecer cada canto da unidade judiciária.

Na sala de espera, um dos cartazes diz: “Quem dera a gente tivesse tido essa conversa antes”. A ideia é incentivar o diálogo, a mediação e a conciliação. Para que as partes dos processos reflitam e entrem nas audiências predispostas a um acordo. Para que elas mesmas encontrem a melhor solução para seus problemas. E para que novos conflitos nem cheguem a ser judicializados.

Na porta do gabinete, os dados estatísticos refletem a eficiência da Vara nos últimos anos. Em 2018, foram 5.796 pronunciamentos feitos pelo juiz, 270 audiências realizadas, 679 processos arquivados e 780 novas ações ajuizadas. Em 2019, já foram feitos 2.235 despachos, 879 decisões e 482 sentenças, totalizando 3.796 pronunciamentos.

“Cada servidor também tem sua própria planilha online. É possível ver em qual frente cada um está trabalhando. E se é necessário dar foco em outra atividade. É legal porque nos dá motivação para fazer sempre um resultado melhor do que o mês anterior”, ressalta Karina.

Lá dentro, ela me apresenta as estagiárias Lívia e Ingrid. Todas carregam suas garrafinhas coloridas, para evitar o uso de copos descartáveis durante o trabalho. “A gente economiza o plástico e é uma forma de não afetar tanto o meio ambiente”, afirma Ingrid Tesch.

Também coloridas são as etiquetas usadas para catalogar as milhares de pastas e dar andamento mais célere aos processos. Assim fica fácil visualizar, por exemplo, quais são os processos em Segredo de Justiça, os processos movidos pelo Ministério Público ou aqueles relativos a pessoas com mais de 80 anos de idade.

Entre uma audiência e outra, o juiz titular Rafael Calmon explica que as transformações na Vara foram possíveis a partir de uma mudança de cultura.

“Quando assumi a titularidade em 2015, eu senti que precisava reinventar o trabalho na unidade. Então pesquisei sobre a organização das maiores empresas do mundo. E a partir daí passamos a adotar uma gestão horizontal, onde todos participam, onde há inclusão e pertencimento. Primeiro mudando a nossa mentalidade, depois a postura. E quando repetimos nossas ações com todos os integrantes do ecossistema, conseguimos chegar a uma nova cultura organizacional”, explicou.

Para isso, as reuniões com a equipe tornaram-se semanais. É um momento em que cada um reflete sobre seu propósito de vida, sobre o impacto social de suas atitudes. Agora o grupo vem realizando pequenos mutirões de forma constante, com o objetivo de descongestionar os principais pontos de gargalo. A pauta de audiências foi colocada em dia e o intervalo entre a designação e a realização do ato não ultrapassa 4 meses.

Nessa nova gestão, os estagiários também são peças-chave. Suas ideias são sempre bem-vindas e contribuem para uma Vara mais moderna e sustentável. A Lívia, que cursa o 4º período de Direito, é a mais jovem e, além das atribuições no cartório, sempre se dispõe a regar as plantinhas do quintal do imóvel onde funciona Vara, reutilizando a água do ar-condicionado. “Eu moro em sítio e minha mãe tem um jardim enorme. Então eu sempre gostei de mexer com terra. É algo que me faz bem. As plantinhas daqui não podem ser regadas demais e precisam pegar sol.

A Júlia Barbieri está atuando firme nas juntadas de petições. O que antes ficava acumulado nas estantes e no chão, agora não enche nem uma pequena caixinha. “Antigamente tínhamos um escaninho inteiro e pilhas de petições pra juntar. Hoje as únicas petições que temos são as do mês de outubro, pois fazemos um trabalho periódico”.

Danielle Rocha foi quem ajudou a idealizar o Espaço Kids, destinado a acolher lactantes e crianças pequenas. Tem bonecos, lápis de cor, tapete colorido. “Boa parte desses brinquedos eram da minha filha Helena, de 02 anos e 07 meses. É um espaço importante para as mães amamentarem, trocarem fralda. Dá um conforto e segurança para a família”.

No programa de premiação, criado para motivar os estagiários, Jéssica Marques é a campeã de estrelinhas. “Isso me motiva a ser uma profissional melhor. A ter excelência naquilo que faço, naquilo que aprendo e a transmitir todo conhecimento às outras meninas”.

O chefe de cartório Bruno Ribeiro, que já atuava na vara Cível antes da fusão com a Fazendária, afirma que o trabalho dos estagiários faz toda a diferença para aumentar a produtividade da Vara. “Eles trabalham o processo, analisam, desenvolvem um trabalho intelectual e se sentem parte da equipe. Inclusive criaram um manual com o passo a passo de atividades, para manter a organização”, observa.

Durante o expediente, quem cuida da limpeza é a colaboradora Mariléia, recolhendo o lixo seco e o lixo úmido, já descartados de forma separada pelos próprios servidores. Toda quarta-feira, o material é recolhido pela Associação de Catadores de Viana (Ascamavi). “Fazer essa separação correta é importante para a natureza e para muitas pessoas que vivem com a renda da reciclagem”, diz Mariléia.

Ao final da visita, eles me pedem para tirar uma foto na parede que representa o símbolo máximo da coletividade. Ela foi pintada de várias cores e por todas as mãos. “Todo mundo sugeriu tons, todo mundo colocou a mão na massa e chegamos nessa mistura final”, concluiu Karina.

Vitória, 18 de outubro de 2019

 

 

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