Caso Alexandre Martins: tese de latrocínio é sustentada pela defesa

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Terceiro dia do júri: executores do juiz negaram que crime foi sob encomenda.

O Júri Popular de dois dos três acusados pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) de serem os mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, em março de 2003, chegou ao terceiro dia. Nesta quarta-feira (26), os executores do crime, Odessi Martins da Silva Júnior e Giliarde Ferreira foram ouvidos pelo Conselho de Sentença.

Nesta quinta-feira (27), o Conselho de Sentença segue ouvindo as testemunhas de defesa de Calu. O próximo a depor deve ser o delegado Andre Luiz Cunha Pereira. Os trabalhos no Cineteatro da UVV começam às 09 horas. 

Condenado a 25 anos e oito meses de detenção em regime fechado pelo assassinato do juiz, Odessi Martins, o Lumbrigão, foi arrolado pela defesa do empresário Cláudio Luiz Baptista, o Calu. Também senta no banco dos réus o coronel da reserva da Polícia Militar, Walter Gomes Ferreira. Como já foi condenado pela morte de Alexandre Martins, o testemunho de Lumbrigão foi aceito, mas na condição de informante. Assim, as informações prestadas por ele têm um peso menor no processo, uma vez que ele ficou liberado de assinar o termo de compromisso com a verdade.

O depoimento de Lumbrigão começou às 09h34 minutos e foi encerrado, após pausa de uma hora, às 16 horas. Por todo esse tempo a testemunha reforçou a tese de latrocínio. Ele confirmou que executou o juiz Alexandre Martins de Castro Filho em Itapoã, Vila Velha, por este ter reagido a um assalto. Sobre o vídeo em que confessa o crime de mando, Lumbrigão destacou que só concordou em gravá-lo após ser pressionado na sede da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP). No vídeo em questão, Lumbrigão afirmava que recebeu R$ 15 mil pela execução do juiz.

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De acordo com as informações prestadas pelo informante, o objetivo da dupla era roubar um posto de gasolina, mas como havia uma viatura no local, decidiram perseguir uma camionete preta. Nesse momento, enquanto contornavam uma rua para chegar ao objeto do roubo mais rapidamente, se defrontaram com o juiz Alexandre Martins saindo de sua camionete. Decidindo, assim, abordar o juiz. Ainda segundo os relatos de Odessi, o magistrado estava armado e reagiu ao assalto. Motivo que teria levado à execução.

Sobre os motivos que levaram Lumbrigão a atirar em Alexandre Martins mesmo após ele ter caído no chão, o informante disse que queria recuperar a moto e que não podia correr o risco da vítima estar viva. Em relação à camionete, assim como em outros depoimentos, Odessi Martins informou que não a levou devido à reação das pessoas que estavam no local do crime.

O informante por todo momento negou conhecer o juiz assassinado, assim como os réus Cláudio Luiz Baptista, o Calu, e Walter Gomes Ferreira. O mesmo negou ainda conhecer as pessoas condenadas por intermediar o crime, os sargentos da PM Heber Valêncio e Ranilson Alves. Entre os envolvidos, o informante confirmou conhecer apenas Fernando Cabeção, uma vez que ele era traficante na região de Guaranhuns, Vila Velha, onde o executor morava. Lumbrigão disse em depoimento que só ficou sabendo que Alexandre Martins era juiz de direito após o crime, por volta de meio-dia, quando assistia televisão.

Durante sua oitiva, o juiz que preside o Tribunal do Júri, Marcelo Soares Cunha, leu para o informante oito depoimentos que o mesmo prestou ao longo dos anos. Lumbrigão confirmou todos os documentos e cometeu algumas contradições. Uma delas sobre André Luiz Tavares, o Yoshito, saber ou não o motivo pelo qual Odessi e Giliarde pegaram sua moto emprestada. Ao ser questionado, disse que mentiu na época do crime ao dizer que Yoshito tinha conhecimento que emprestava a moto para um assalto. Lumbrigão informou que tinha raiva do colega à época por ele ter mencionado seu nome no processo.

Lumbrigão repetiu em diversas oportunidades em sua oitiva que entre os dois depoimentos prestados no momento em que foi preso, 28 dias após o crime, mudou a história porque sofreu pressão na sede da Sesp. Ao chegar à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e prestar o depoimento formal, disse se tratar de latrocínio.

O depoimento de Lumbrigão durou mais de cinco horas. Por volta das 16h20 minutos, o depoimento de Giliarde Ferreira, também executor do juiz, teve início. Ele confirmou que, junto com Odessi Martins, decidiu assaltar o posto de gasolina após receber a informação de que o mesmo tinha uma grande quantidade de dinheiro guardado. 

Giliarde também foi ouvido na condição de informante. Ele disse que entregaria a caminhonete do juiz a uma pessoa que a havia encomendado. Contudo, mesmo com o objeto do roubo já sob encomenda, decidiu assaltar um posto de gasolina.

Após ser preso no mesmo dia do assassinato, 24 de março, Giliarde relatou que também foi pressionado para confessar que se tratava de um crime de mando, mas que em nenhum momento confessou que matou o juiz a mando de alguém. 

Processo nº: 00035121420058080035. 

Vitória, 26 de agosto de 2015. 

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