Com mais de 90 horas e sete dias de duração, júri é um dos mais longos já realizados.
Quando os relógios mostraram as primeiras horas desta segunda-feira (31), o juiz Marcelo Soares Cunha adentrou o Cineteatro da Universidade Vila Velha (UVV) e calmamente parabenizou cada um dos envolvidos no julgamento dos acusados de serem os mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, morto a tiros em 2003. Era o começo do fim do júri iniciado em 24 de agosto deste ano e um dos últimos atos judiciais de um dos crimes mais intrigantes do Estado.
Antes mesmo de proferir a sentença dos réus Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu, e do coronel da reserva da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira, o magistrado falou sobre a necessidade de pacificação dos seres humanos e encerrou sua fala com a oração de São Francisco. Mais que celebrar o fim dos trabalhos, o juiz Marcelo Soares Cunha fez um apelo por serenidade.
Ao todo foram mais de 90 horas de trabalho e onze testemunhas, (duas de acusação e nove de defesa), ouvidas pelo Conselho de Sentença. Com base em todos os documentos e depoimentos apresentados, os jurados decidiram por absolver um dos réus e condenar o outro. As duas decisões ainda são passíveis de recurso.
O empresário e ex-policial civil Cláudio Luiz Andrade Baptista foi absolvido de todas as acusações. Já o coronel da reserva da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira foi condenado a 23 anos de reclusão em regime inicialmente fechado. Ele pode recorrer em liberdade.
Ferreira foi condenado a 19 anos pela morte do juiz e a quatro anos por formação de quadrilha. Além da acusação de crime de mando, os réus foram acusados pelo MPES de formação de quadrilha com alguns agravantes. São eles: homicídio por motivo torpe ou mediante paga, sem possibilidade de defesa e para encobrir outros crimes investigados pela vítima.
O Conselho de Sentença (jurados, juiz, promotoria e defesa) se reuniu por mais de duas horas e chegou à conclusão de que o réu coronel Ferreira é culpado dos crimes de mandar assassinar o juiz Alexandre Martins de Castro Filho e também de fazer parte de uma quadrilha criminosa no Espírito Santo.
Entre a execução do juiz Alexandre Martins de Castro Filho e a realização do júri se passaram 12 anos. O longo tempo para se chegar a uma conclusão sobre o caso talvez explique a paixão com que advogados e promotores se enfrentaram. Os advogados dos réus sustentaram a tese de latrocínio, enquanto o MPES defendeu que Alexandre Martins foi assassinado por encomenda.
As partes envolvidas no processo se empenharam para desqualificar o testemunho das pessoas arroladas e apresentavam elementos dentro do processo para tanto.
Lembre
O juiz Alexandre Martins de Castro Filho foi morto a tiros em 2003, em frente à academia que frequentava em Itapoã. Os executores e os intermediários do crime já foram condenados. Ao todo, sete pessoas cumprem pena pela morte do juiz.
O magistrado era juiz adjunto da 5ª Vara Criminal de Vitória e atuava também na Central de Inquéritos. Alexandre Martins fazia parte de um grupo especial que combatia o crime organizado na década passada.
Confira as testemunhas que participaram do Júri Popular:
Defesa de Calu: Mauro Juarez Nadvorny, André Luiz Cunha Pereira, Odessi Martins da Silva Junior, Giliarde Ferreira e Antônio Franklin Cunha.
Defesa de Coronel Ferreira: Neucimar Ferreira Fraga, Júlio Cesar Lugato, Carlos Augusto de Oliveira Ribeiro e Luiz Sérgio Aurich.
Ministério Público: Carlos Eduardo Ribeiro Lemos e Danilo Bahiense.
Processo nº: 00035121420058080035.
Vitória, 31 de agosto de 2015.
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